Século XX

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     Surge, neste século, Sigmund Freud, que enfatizava uma visão interpretativo-explicativa para desordens do comportamento, frequentemente apontando para algum acontecimento da infância do indivíduo. Devido ao papel de Freud, a Psicologia foi procurando nas décadas seguintes a instituição de um modelo próprio, o qual, actualmente, se encontra nitidamente isolado da Medicina Psiquiátrica, estando a Psicologia definitivamente entendida como fazendo parte das ciências humanas, diferentemente da Medicina, a qual pertence às ciências naturais.

     A descoberta das fontes inconscientes do comportamento - na percepção dominada pela escrita psicanalítica de Sigmund Freud no início do século XX – enriqueceu o pensamento psiquiátrico e mudou a direcção da sua prática. A atenção voltou-se para os processos dentro da psique individual, e a psicanálise passou a ser considerada como o modo eleito de tratamento para a maioria dos transtornos mentais. Nas décadas de 1940 e 1950 a ênfase mudou novamente: desta vez para o ambiente social e físico. Muitos psiquiatras ignoravam as influências biológicas, enquanto outros estudavam o seu envolvimento na doença mental e utilizavam formas somáticas de tratamento como a eletroconvulsoterapia (choque eléctrico) e psico-cirurgia.

 

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     As mudanças drásticas no tratamento da doença mental começaram em meados dos anos 1950 com a introdução dos primeiros medicamentos eficazes para tratar sintomas psicóticos. A esta revolução dos psicofármacos no tratamento das doenças psiquiátricas designou-se Segunda Revolução Psiquiátrica. Juntamente com o tratamento através de medicamentos, foram introduzidas, novamente, políticas liberais e humanas e estratégias de tratamento nos hospitais para doentes mentais.

     Nos anos 60, teve início a Terceira Revolução Psiquiátrica, nos Estados Unidos da América, a partir da denominada antropologia cultural, conceito que propõe conhecer o homem enquanto elemento integrante de grupos organizados, constituindo-se num movimento de carácter preventivo. Deste modo, cada vez mais os pacientes foram tratados em contextos comunitários, durante os anos 1960 e 1970.

     O suporte para a investigação sobre a saúde mental conduziu a novas e significativas descobertas, principalmente na compreensão dos determinantes genéticos e bioquímicos na doença mental e no funcionamento do cérebro. Assim, na década de 1980, a psiquiatria mudou de ênfase, regressando a sua atenção para os aspectos biológicos e negligenciando-se as influências psicossociais na saúde e na doença mental, tornando-se a psicofarmacologia parte integral da psiquiatria. A psicofarmacologia tornou-se parte integral da psiquiatria.

 

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regime da Alemanha nazi
     A introdução dos medicamentos psiquiátricos foi interpretada como falta de preocupação com o doente. Começou a argumentar-se que a psiquiatria constituía-se numa forma de controlo social e exigia-se que o internamento psiquiátrico fosse abolido, seguindo os ideais de Philippe Pinel. Diversos incidentes de abuso por parte de psiquiatras ocorreram durante regimes totalitários, como parte do sistema de controlo político. Exemplos históricos de abuso na psiquiatria sucederam na Alemanha nazista, na União Soviética sob Psikhushka e no regime de apartheid na África do Sul.
 
     Na década de 1960 surgiu, assim, a anti-psiquiatria ou movimento anti-psiquiátrico, que desafiou as práticas fundamentais da psiquiatria tradicional. Este movimento contestou cada vez mais o alegado pessimismo psiquiátrico e a institucionalização em relação às pessoas classificadas como doentes mentais. Deste modo, a pressão do movimento anti-psiquiátrico levou à implementação da política de desinstitucionalização em favor aos tratamentos na comunidade.
     
     Estudos científicos continuam a tentar encontrar explicações para as origens, classificação e tratamento das doenças mentais. Os transtornos mentais são descritos através das suas características patológicas, ou psicopatologia (ramo descritivos destes fenómenos). Muitas doenças psiquiátricas ainda não possuem cura. Enquanto algumas têm curso breve e poucos sintomas,outras são condições crónicas que apresentam importante impacto na qualidade de vida do paciente, necessitando de tratamento a longo prazo ou por toda a vida.